A carona e a "florzinha"

Bem, essa história é real, vou ocultar nomes e  fora isso o resto é verídico:

Novamente na minha infância, na Usina Jacarezinho Pr. eu minha prima pegamos carona na Br para ir pra cidade, mais precisamente pra ir ao circo, tanto eu quanto ela tínhamos o dinheiro para os ingressos, para o ônibus não. Bem,  duas meninas juntas pedindo carona e óbvio que logo conseguimos um caminhão enorme, fomos felizes com nossa inocente aventura. Tão logo o motorista vira pra nós e pergunta:
-Qual das duas vai me dar a florzinha*?
Eu, na minha santa ignorância e inocência, não sabia o que era "dar" a "florzinha", fiquei imaginando, será que é tirar com a mão? Como de dá isso?
E o tal insistindo:
-E dai, qual das duas, ou as duas?
Minha prima arregalou os olhos e me disse:
-É você!
Gentem, eu comecei a chorar, a gritar num desespero que o "tio" parou o caminhão, todo preocupado, todo educado falou:
-Pare! O tio não quer mais sua "florzinha"!
Eu e minha prima aproveitamos da situação e fizemos a cena:
-Nós somos criancinhas, não podemos ficar sem "nossas florzinhas", como vamos fazer xixi? E a choradeira continuou um bom tempo... O pobre tentando nos acalmar:
-Parem meninas, o tio estava brincando, olha o tio vai dar dinheiro pra vocês!
Nosso choro cessaram. E o tio despencou a falar:
- Olha o tio estava brincando, mas nunca mais peguem carona com ninguém, porque outros vão querer a "florzinha" de verdade e podem machucar a "florzinha" de vocês!
Depois do sermão seguimos em frente, chegamos na cidade, o tio bonzinho nos deu dinheiro paras os doces, pro circo, pro ônibus. Foi uma tarde maravilhosa, de risos, de diversão, mas acabou, voltamos pra casa. Minha curiosidade era tanta que cheguei perguntando pra minha mãe o que era dar "a florzinha"? Ela me perguntou por que? Contei e apanhei, claro! Quando meu pai chegou do trabalho, ela contou pra ele e novamente apanhei. Fui dormir frustrada sem saber o que era "dar a florzinha".