15 agosto, 2012

Estrelinha



Existem momentos eternos, que ficam em nós como se acabassem de acontecer. Em mim vários são. Um deles entre meu pai e eu:

 

– Pai quantas estrelas existem no céu?

– Muitas, muitas...

– Será que posso ter uma?

– Quantas, você, quiser!

– Pai, quando o senhor irá morrer?

– Quando chegar a hora!

– O senhor sabe quando será a sua hora?

– A qualquer hora! Por quê?

– Para eu não me esquecer de despedir e escolher uma estrelinha para você!

Meu pai:

– Todas as noites nos despedimos antes de dormir. E a morte é isso, um sono, um descansar de existir aqui! E como as estrelas eu estarei brilhando em você.

Fiquei um bom tempo pensando e torcendo para ele não se cansar logo. E quando aconteceu não pude me despedir. Penso todos os dias: ele dorme, dorme feliz e brilha em mim. Talvez seja por isso que amo tanto as estrelas.



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