29 março, 2012

Saudades de mim


Vi uma folha solta no vento, no tempo. 
Senti uma inveja... hoje eu queria ser folha.
Vi uma criança no vento, no tempo.
Senti saudade... hoje eu queria ser criança.
Vi o amor solto no vento, no tempo.
Senti falta... hoje eu queria um amor.

Vi o abraço solto no vento, no tempo.
Senti um aperto... hoje eu queria ter um abraço.
Senti uma saudade de mim, do que eu era, 
do que eu sentia, do que eu acreditava, 
do eu fazia, do que eu podia.
Não sei se fui eu, ou se foi alguém quem tirou de mim 
meu arco, minha paixão.

Sinto saudade da minha solidão por escolha.
Sinto saudade do amor poético, ingênuo, simples.
Sinto saudade de um alguém que fazia meu coração feliz.
Sinto saudade de mim, como eu era.



Foto divulgação.

09 março, 2012

Separação

O que faço com essa ausência, com a falta de você? Onde escondo minha dor?

Como por acordo tácito não falamos, não nos despedimos.
Sinto o imenso vazio que vive em mim. Um vazio preenchido somente pela saudade. Saudade de te ouvir, de te falar, de te olhar...
Às vezes caminho no escuro da noite e ouço somente meus passos, buscando uma voz que pudesse trazer a sua fala. 
O que vejo é o intocado breu, nenhum feixe de luz, de som. Meus pensamentos não fazem rodeios, não adormecem. Vagam como eu pelos cantos da casa, do coração. Então choro, mas não vem o alivio, vem o tédio, permaneço num estado abúlico.
Passam-se as horas e o sol vem chegando. Lá fora as lâmpadas se apagam e uma  pequena esperança acende em mim, com a expectativa da luz do dia.  A luz é tão leve, tão santa. 
Para atravessar o dia, escondo a dor no íntimo, a mesma dor da noite.  
O dia passa como um vício sem prazer. Na verdade disfarço, finjo que sou feliz sem você. 

Foto divulgação da internet.

06 março, 2012

Passos

    O meu passo de vez em quando escorrega, tropeça, mas não desisto, sigo em frente. Claro que muitas vezes paro, descanso.  Dou um tempo, porque os calos doem, o peso é grande, mas nem por isso estaciono. Porque minha jornada está somente na metade do que quero, do que sonho. 
    Ah! Quero chegar até o fim, fim de qualquer coisa, mais uma coisa maravilhosa chamada existência. Para isso não puxo, não atropelo o passo de ninguém. 
    O que é meu é seu também. Ande, percorra sua estrada. Se a canseira chegar, descanse,  só não se entregue, para que sua ida seja alcançada pela beleza.



A questão é: deixe rastros, não na areia, mas em alguém, que certamente pisará na sua estrada ou caminhará ao seu lado.

Foto: divulgação.

Aconchego

Você é meu refúgio.
Depois do dia difícil, meu corpo se ajusta em você.
Esqueço as roupas nos pés da cama.
A cortina balança pela fresta meio aberta da janela.
A lua teima em querer se mostrar na mesma fresta.
Gosto de enroscar-me no teu abraço.
Sentir, envolver, esquecer....
Gosto de ficar assim, largado  em ti.
Sem vozes só a respiração, primeiro ofegante.
Depois calma, alma, silêncio.

Gosto de sentir meu cheiro em ti.
Deixar a noite fazer parte de nós.
Viro várias vezes até me encaixar.
Quando finalmente ajusto meu peito em ti.
Teu abraço me faz sonhar, travesseiro querido!