28 fevereiro, 2012
Se...
25 fevereiro, 2012
23 fevereiro, 2012
O Amanhã
22 fevereiro, 2012
Essa coisa...
Existe uma coisa que nos move e nos leva. Talvez seja o tempo, a própria vida seguindo os rumos, os muros, as vilas.
21 fevereiro, 2012
Sem temer o que sinto, consigo prosseguir...
Sem temer de mim, vivo.
Adriana Antunes Polak e Evandro Schueda.
Que nunca nos falte amor
16 fevereiro, 2012
Por enquanto
15 fevereiro, 2012
Não me deixe
08 fevereiro, 2012
Real
O banho
O banho
Nestes dias de calor intenso,
sempre me vem à cabeça um episódio que ocorreu quando eu ainda era
criança. Eu e meu irmão Marcelo sempre fomos grandes companheiros de aventuras.
Certa vez, nosso
avô paterno fora passar alguns dias conosco. E mesmo no verão de 36/38 graus,
nosso avô com seus 85 anos, senil de idade e com um jeito de viver bem
particular, não se deixava levar pelos argumentos dos outros.
Fumava
cachimbo e o odor misturava-se com a falta de banho e passava dias assim,
sem que ninguém o convencesse.
Embora fosse um homem espirituoso, de bom papo, contava histórias de pescador e de assombração, não gostava de ducha, dizia que não tinha feito nada que necessitasse de chuveiro. Vez ou outra, em ocasiões espaciais tomava um banho rápido, fora isso lavava os pés toda a semana.
Gostávamos de sua companhia, mas o odor
atrapalhava nosso convívio.
Numa tarde de sol
cáustico, ele sentado no jardim com o tal cachimbo, e eu e o Marcelo ali,
sujeitos aos odores. Foi então que minha cabeça brilhante teve uma ideia:
– Vamos
dar um banho no vovô?
Meu irmão não pensou duas vezes, correu pegou
sabonete, xampu, toalha. E ali mesmo, de
mangueira, começamos o trabalho. Tiramos sua camisa de mangas longas e o deixamos com uma camiseta que ele usava por baixo.
Começamos logo de cara pela cabeça, como quem rega uma planta sensível começamos devagar, mas logo fomos abrindo mais e mais a torneira e entre risos e esfregação a água escorria encardida, fria. Vovô tremia brrr brrr...
Lavamos até o cachimbo. O pobre não falava,
somente balbuciava e tremia e tremia. Meu irmão teve a delicadeza de pedir licença e
lavar as partes baixas. Os pés sobraram para mim. Usei pedra-pomes e ralei
tanto aqueles pés que, depois, parecia bumbum de bebê.
Trabalho completo: penteamos o cabelo ralo, cortamos as unhas, passamos talco e passei um brilho em seus lábios, que não sei o porquê estava
meio roxo. Tão logo o avozinho começou a ter um chilique, foi caindo de banda.
Chamamos minha mãe aos berros, que não acreditava na cena.
Conclusão: Nosso avô teve uma pneumonia e ficou uma semana internado (o
que ameniza um pouco minha culpa: ele foi para cheiroso para o hospital). E quanto
a nós? Bem, deixa pra lá!
Hoje em
dia meu avô não existe mais, nem o jardim, somente a lembrança e a saudade da
pessoa maravilhosa e das nossas peripécias.