24 julho, 2012

Bicharada

Um dia a gente acorda e na verdade não quer acordar. Os olhos pesados, o corpo mais ainda, parece que dentro de nós mora um elefante.

Atravessamos o dia como quem atravessa o deserto, arrastando-se, nada e ninguém cruza o caminho, e se cruza não faz menção de melhorar, pelo contrário, parece que sabe que estamos fora de casa, fora de segurança. Ou talvez nossa curta paciência colabore com a certeza de que o dia não está pra peixe, não está para nada além do término enfadonho daquilo que não somos.

Não somos zoológicos, somos gente, às vezes carente, às vezes crente. Ainda que tudo seja esquecido, não podemos esquecer de que um elefante é grande demais para viver em nós. No mínimo um coelhinho, ou uma formiguinha.

Têm bichos-gente que nos atenta para os menores dos problemas e tudo que fazem é para perdermos a vontade de lutar, e nos transformam em pesados passantes.

Às vezes esquecemos que podemos até voar – isso quando sabemos o bicho que existe em nós pode ter asas e voar.








Um comentário:

  1. Que texto legal, gostei, bem humorado, embora relate pesos e medidas humanas. Sabe Adriana, ninguém tem o poder de deixar alguém ser um elefante ou uma formiguinha; mas cada um pode ser o bicho que quiser; ou seja o bicho gente que se é. Nascemos animais e morremos animais, quanto a razão temos em excesso mas nem sempre usamos. Aqueles que se julguem pesados, o peso esta apenas em seu pensamento. Aqueles que se julguem leves a leveza esta no pensamento. Produzimos em nós mesmos nossos pesos e medidas, ninguém é capaz de cruzar o caminho e diminuir, ou aumentar o que pensamos a não ser nós mesmos. Viver, deve ser se escolher como se é sempre.
    Um grande abraço menina.
    Muito bom o texto.

    Quanto ao teu comentário em meu espaço. Sem palavras Adriana, você é uma pessoa única com toda certeza; e sou eu a fã de sua espontaneidade e gentileza nata. Parabéns.
    Um grande abraço menina!

    27 de julho de 2012 17:42

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Receberei seu comentário com muito carinho. Obrigada!