Senti uma dor em entrar em casa e não te
encontrar. Vi a sua poltrona vazia; o cachorro com um olhar distante; as
paredes com a tintura gasta e rachaduras mostrando o desgaste do tempo; os
cômodos vagos sem sua presença física. Busquei em cada detalhe algo de você e
nada tive.
Acordei com o vento chorando alto, como quem fala sem se
deixar entender. Levantei-me, desfilei na rua deserta, sentei-me no murinho da
escola em frente à nossa casa, aquele cantinho que você tanto gostava de ficar
observando os passantes. Não sei ao certo quanto tempo fiquei ali, me colocando
em seu lugar, lembrando-me dos seus gestos, da sua postura.
Senti-me dono da rua, mas não dono da
vida, sua vida que se foi e me deixou sozinho. Nada aqui é a mesma coisa sem
você. Nada aqui faz sentindo quando todo sentido é o que mais me faz falta.
Percebi que a paz que reinava em casa,
não mais existe. Cada um de nós parece carregar um mundo nas costas, de um peso
anormal, não parecemos mais como aquela família feliz. Estamos como as paredes
gastas; estamos alheios aos sofrimentos de cada um. Não existe linguagem, não
existe um traço a seguir, apenas seguimos com nossas sacolas cheias de saudades
e com a falha de não falar mais a mesma língua. São tantas as diferenças que
adquirimos entre irmãos, filhos dos mesmos pais, mas que hoje, sem você na
cabeceira da mesa, parecemos somente estranhos dividindo o mesmo pão.
O tempo desgasta muita coisa...
ResponderExcluirDesgasta, quebra, racha, machuca.
Mas ele nos dá muitas coisas, muitos sorrisos, muitas histórias, e adivinhe? Nos dá tempo pra (re)arrumar muitas coisas, pra viver muita coisa e pra lembrar muita coisa.
Eu imagino e sei o quão difícil é...
E não tem palavras suficientes pra te confortar...
Fica com o meu sorriso, com o meu abraço, com o meu aconchego e afeto.
te amo.
Sei bem do que você esta falando, essa dor doída em que o tempo parece não passar.
ResponderExcluirA vida nos faz fortes e a caminhada continua.