05 janeiro, 2012

Um anjo...




           Hoje fui caminhar sem rumo, sem compromisso. Com o coração um tanto apertado. Sentei-me em uma praça cheia de árvores, por alguns momentos fechei os olhos e me desliguei do barulho, do vaivém de pessoas. Fiquei ali me vendo por dentro. Confesso que senti certa  uma saudade de não sei o quê.

               Comecei conversar com um anjo inventado. Falei das árvores, das pessoas que passavam apressadas, falei das minhas dores, medos, falei da minha inocência perdida. Fiquei um bom tempo no maior blá-blá-blá. Quando a uns cinco metros, um rapaz entrou na conversa elogiando meus cabelos, depois falou do tempo, não do clima, mas do tempo em que não damos a nós próprios e das amarguras que guardamos ao invés de adoçarmos o coração.

Falou ele:

– Estive fora, andei por caminhos distantes e como sempre observei a falta que fazemos de nós é igual em qualquer lugar. Chega a certa altura que perdemos nossa leveza e atropelamos nossos sentimentos. Ficamos mais velozes na questão julgamento, na questão egoísmo e totalmente cegos para o nosso bem maior.

    Fiquei refletindo e querendo continuar ouvindo aquela voz mélica e clara. O que será o nosso bem maior?

Continuou ele:

– Encontrei-me com uma amiga, a pouco tempo, linda, bem vestida, culta e totalmente infeliz. Deixei-a falar, mas eram somente palavras amargas. Depois a abracei, como se abraça uma criança com medo. Eu lhe disse que ainda havia tempo para preencher aquele vazio, aquela tristeza. Como me perguntou ela? Comece adoçando o coração.

– Você sabe em que ocasião somos donos de nós? Quando começamos arquitetar nossos planos. Claro que muitas vezes eles não serão, outras vezes mudaremos os traços, noutra, as pessoas mudarão por nós. E nem por isso ou aquilo, devemos deixar o nosso lado amadurecido esquecer-se da criança que existe em nós. A criança faz muitos planos, sem medo.
Toda aquela fala parecia não fazer sentido, mas eu queria continuar ouvindo.

– Depois de muitas andanças procuro um refúgio, de preferência uma igreja, sem nome, não há necessidade de denominação e sim necessidade do meu coração em encontrar com o Dono de tudo.  Transbordo minhas carências e me deixo envolver pelo momento de me ver por dentro e me transbordo de amor e gratidão.

Num súbito abri os olhos. Que coisa estranha, eu estava na praça e o rapaz onde está? Será que adormeci? 

Caminhei levemente, o vento balançava os galhos e as folhas das árvores. Meu coração estava leve e doce.

Ao longe vi o rapaz acenando e tão rápido se foi.






Um comentário:

  1. Amiga o seu anjo vive atento!

    Palavras de quem vive para crer no melhor de si e do próximo.

    Beijos, Sampaio.

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Receberei seu comentário com muito carinho. Obrigada!