Há tanta dor que o mundo parece
pequeno, muito pequeno para que cesse, para que exista mais espaço.
Para onde quer que eu olhe o cinza
continua, não vejo cores, não sinto amores, não me caibo em nenhum jardim, não
vejo mão estendida, nem ouço o que preciso ouvir.
Busco a aliança num céu coberto de
fumaça, de calcinado, tão típico de quem perdeu mais do que o material, de quem
perdeu o chão.
Agarro-me em um fio tão fino, quase
invisível aos olhos, quase irreal, mas minha única esperança é que seja apenas
um sonho.
Chamo-me pelo meu nome, falando como se
falasse com outra pessoa, mostrando-me que ainda existo. Que ainda aguento o
remato, que ainda não estou nula.
De verdade grito com palavras sem
sentido, mas sentindo cada uma, como se ecoasse a confiança que precisa
florescer em mim.
Preciso florescer mesmo entre
os espinhos.