09 junho, 2011

Mico – A viagem

                 Alguns meses atrás fui para o interior visitar meus pais. Fui de ônibus, sozinha, livre, linda e dona de mim.




                 Uma viagem rápida, de uma semana apenas. Apesar disso, foi bom rever alguns amigos, família, lugares. No domingo fui com meu irmão Fábio para rodoviária comprar minha passagem de volta. Pedi para quarta-feira. O atendente confirmou dia 13 de abril, confirmei e saímos.
        Na data marcada lá estava eu e mais algumas bagagens de volta. Sempre procuro novidades e acabo voltando com no mínimo duas malas a mais. Meu ônibus (até então era meu ônibus) sairia às dezesseis horas. Fiquei conversando com meu irmão e minha mãe até o motorista ligar para sair. Entrei com todos os passageiros já instalados, e com direito a acenos e algumas lágrimas nos olhos (os tchaus são sempre tristes). 
            Minha poltrona era a de número nove. E para minha surpresa havia uma moça sentada no “meu lugar”. Com minha educação peculiar, falei que aquela poltrona (na janela) era minha. Ela pegou o bilhete e mostrou que também estava marcada com a poltrona nove. Não deu outra: Lá fui eu falar com o motorista que já estava saindo e que teve que parar para "desvendar" duas pessoas no mesmo número. Eu toda cheia de razão dizia que não abriria mão do meu lugar na janelinha.
              Minha família, que aguardava a saída do ônibus fazia sinal e eu dava tchau. Ao verificar minha passagem, o motorista me diz em alto e bom tom para todos ouvirem:
– Sua passagem é para amanhã, senhora!
"Gentem", vocês não imaginam a minha “cara de tacho" ou sei lá o quê. Com todos me olhando, rindo. E a moça com aquele ar de dona da situação e da razão.
Ah! Claro que fiz um pequeno discurso: Olha aqui, eu não errei! Eu preciso ir para casa hoje, porque amanhã tenho que trabalhar. E como se nada tivesse acontecido, olhei para a moça e perguntei:
– Você não quer trocar de passagem comigo?
– NÃO! Respondeu ela.
        Abaixei a cabeça para sair. Todos os outros estavam vaiando pelo atraso e pelo meu erro.
            Virei-me e alto perguntei:
    – Vocês nunca se enganaram? Nunca erraram?
    E mais: pedi mil desculpas à moça e ao motorista (que era bem histérico, por sinal) só pelo meu engano com a data antecipada ou atrasada (nem sei se foi minha) ou do vendedor. 
        De qualquer forma, o motorista teve que abrir o porta-malas para eu pegar minhas bagagens. O pior de tudo foi aguentar meu irmão chorando de rir com a cena.

    O que quero dizer é que todos nós cometemos erros. O mais importante é reconhecermos e pedirmos desculpas.



3 comentários:

  1. Vc é hilária! Parece que estou vendo a cena... Ainda bem que vc sempre reconhece qdo erra, isso faz de vc um ser humano maravilhoso.

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  2. Drie,

    O mais legal nisso tudo, é reconhecer o erro.
    Se alguém não entendeu essa sua nobreza, dane-se!

    Você fez a sua parte, e como sempre foi maravilhosa!

    Um beijo!

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  3. que micaço hein!!!! abre-te chão que eu quero entrar ahahahah - By Míriam, como sempre saindo como anônima

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Receberei seu comentário com muito carinho. Obrigada!